O primeiro passo de uma Learning Experience: conhecer (profundamente) o público

Escrito por
Rafael Nascimento de Carvalho | Content Manager

Quando falamos em aprendizagem corporativa, convenções e outras experiências de desenvolvimento, conhecer profundamente o público não é só um diferencial – é uma etapa essencial do processo. Como designer de experiências e facilitador de workshops, aprendi que dedicar um bom tempo para empatizar e ganhar esse entendimento profundo das necessidades e motivações dos participantes faz toda diferença na relevância da experiência e impacta diretamente no engajamento das pessoas.

Quando organizamos experiências de aprendizagem aqui na Agência Nuts (sejam elas convenções, jornadas, treinamentos de liderança ou viagens de upskilling e reskilling), seguimos sempre esse mantra: foco nas pessoas. E só podemos focar nas pessoas, no público, se sabemos realmente quem eles são – e isso vai bem além dos cargos e das funções.

Nós adaptamos o framework de “Learner-Centered Design” – uma abordagem inspirada no já conhecido “User-Centered Design”, muito usado nas indústrias de sites, aplicativos, gadgets e serviços – para aplicar junto a nossos clientes quando estamos diante de um desafio relacionado à aprendizagem e desenvolvimento. Ele parte de quatro estágios:

  • Pesquisa
  • Análise
  • Síntese
  • Execução

Mas o mais interessante dessa esquematização é como fica claro que, após o momento da definição do objetivo principal, a etapa de “ENTENDER” precede a etapa de “CONSTRUIR“. É necessário ouvir (e bastante!) antes de sair fazendo.

Assim, logo no início do projeto mergulhamos em uma pesquisa detalhada sobre quem são os participantes, suas motivações e conhecimentos prévios. Essa fase é crucial. Ao conhecer bem o público, podemos criar personas que vão guiar nossas decisões de design, garantindo que cada aspecto do evento ressoe com os participantes – eliminando barreiras e facilitando a aprendizagem.

Por sinal, temos percebido que a criação de personas – representações dos nossos “typical learners” – é uma ferramenta bastante útil para orientar discussões e decisões com os stakeholders do projeto. Essas personas podem ser criadas a partir de diferentes inputs e fontes de informação, ou de uma combinação delas, como por exemplo:

1. Dados Diretos

Os dados são, claro, a fonte de informação mais confiável para compreender nosso público, pois eliminam os nossos próprios bias – ainda assim, nem sempre estão disponíveis ou são simples de interpretar. É bastante importante levantar, logo no início do projeto, quais dados temos disponíveis para nos informar sobre o perfil dos participantes: pesquisas que circularam com esse público (clima, AVD, etc), informações sobre engajamento e NPS em experiências anteriores, etc.

Da mesma forma, muitas vezes é necessário levantarmos novos dados, realizando entrevistas com stakeholders chave e participantes de diversos perfis, ou mesmo circulando novas pesquisas.

2. Observações e Experiência do time

Informações obtidas a partir da experiência prévia dos stakeholders do projeto, seja o time de T&D, HR, agência ou equipe de facilitação, e que trazem inputs úteis baseados no conhecimento que já possuem sobre o público e principalmente sobre que dinâmicas, ferramentas e abordagens costumam funcionar no contexto – o que esse perfil de participantes tende a considerar “fácil” e o que acham “difícil”, o que já estão acostumados a fazer, etc.

3. Aspectos aspiracionais e Objetivos específicos

São informações levantadas a partir de exercícios de empatia com um perfil específico que se busca engajar – normalmente grupos de participantes sub-representados (como, por exemplo, mulheres em cursos STEM) ou que ainda não conseguimos engajar de forma satisfatória. É um exercício útil para entendermos os pontos-cegos de nossa estratégia e eliminarmos barreiras ao engajamento desses grupos.

É o cruzamento dessas fontes de informação diversas – e ainda de outras, se for o caso – que vai revelar oportunidades de como engajar melhor o público e mostrar os aspectos da experiência que podem ser melhorados.

A seguir, compartilho alguns exemplos de Learning Personas a partir de um framework que tive contato no curso Learning Experience Design, da University of Michigan.