Qual a melhor plataforma para o meu evento híbrido?
Escrito por
Leandro Duarte | Sócio da Nuts • Designer de Experiências • Mestre em Comunicação
Ao contrário do que muitos pensam, não foi só a pandemia que fez crescer o interesse das empresas pelos eventos virtuais e híbridos. As diversas vantagens que a dinâmica digital oferece já vinham chamando a atenção das organizações há mais tempo – e comentei sobre algumas delas relacionadas ao que tenho chamado de “jornadas” neste outro texto aqui. Porém, com a pandemia e o isolamento social, ninguém teve para onde fugir. Desde então, muitos clientes chegam para mim com a pergunta que dá título a este artigo: qual a melhor plataforma para eventos híbridos ou virtuais?
A resposta é: não há receita pronta, nem solução única para isso.
As plataformas apresentam características e funcionalidades muito diferentes umas das outras, sem falar que temos novas plataformas sendo desenvolvidas e lançadas com muita frequência – ou seja, pode ser que a plataforma ideal para o seu evento ainda nem exista.
Mas você pode sempre entender mais sobre o que o mercado oferece atualmente e calibrar essa disponibilidade com a sua necessidade. Para cada objetivo traçado no seu projeto, para cada resultado esperado na sua estratégia, para cada impacto desejado nos seus stakeholders tem uma solução que pode te atender.
A variedade vai além das features de cada sistema. Penso que estabilidade, proximidade no atendimento e nível de customização também são pontos fundamentais para garantir a segurança que certamente você – cliente, agência, produtora ou organizador de eventos – precisa.
Estabilidade no sentido de horas de voo mesmo, teste e confiabilidade do parceiro: este sistema tem garantia de disponibilidade? Você consegue saber se o servidor onde a plataforma está hospedada foi devidamente dimensionado para a expectativa de público e de interações do seu evento? Aposto que todo mundo já ouviu causos de plataformas que saíram do ar durante o countdown de abertura ou mesmo antes, durante o login.
Proximidade do atendimento tem a ver com o país de origem da plataforma e com o SLA: se algum problema acontecer eles te respondem por email, em Inglês, dentro de 72 horas úteis? Ou você tem um responsável técnico brasileiro plugado no Whatsapp com a sua equipe técnica, de plantão nos momentos críticos?
Por último, customização vai muito além dos layouts, cores, interações e widgets que você pode acrescentar. Ela passa por novas funcionalidades que o parceiro pode desenvolver sob medida para o seu projeto. Eles têm desenvolvimento próprio? Conseguem no prazo? Aliás, mesmo que tenham, será que têm a flexibilidade – comercial e técnica – necessária para essa negociação ou só trabalham com o que está na prateleira? E você, se dispõe a abrir mão da estabilidade garantida para ter uma nova feature inédita e super engajadora na plataforma do seu evento?
Bom, eu não disse que a escolha seria fácil. Mas, de qualquer forma, há muitas opções e certamente uma delas vai te atender.
Videoconferência tradicional?
Além do Zoom (versão Meeting e Webinar) e do Google Meet, Microsoft Teams e Cisco Webex, há várias outras, inclusive gratuitas e open source. Acredite: com planejamento, uma geração de conteúdo mais sofisticada, com vinhetas animadas e vídeos bem produzidos, além de um tratamento artístico profissional, com roteirização, ensaio e preparação dos speakers, é possível entregar experiências muito especiais nessas “simples” plataformas de videoconferência.
Na Agência Nuts, já entregamos via Zoom mega produções em estúdio, mas também eventos 100% virtuais, com cada speaker na sua casa, que foram totalmente diferentes de uma reunião ou workshop. Aliás, foram muito bem avaliados pelo público.
Proximidade do atendimento tem a ver com o país de origem da plataforma e com o SLA: se algum problema acontecer eles te respondem por email, em Inglês, dentro de 72 horas úteis? Ou você tem um responsável técnico brasileiro plugado no Whatsapp com a sua equipe técnica, de plantão nos momentos críticos?
Experiência imersiva? Simulação da realidade?
Há no mercado plataformas com navegação que simula pavilhões ou cidades em 3D, em que você controla um avatar de realidade virtual hiper realista. Algumas são baseadas em tecnologias proprietárias, outras usam o Google Street View. Jogos como Red Dead Redeption 2 também são usados para reuniões, sem falar nos mega shows no Hoblox e Fortnite.
Isso é muito divertido para o mercado de entretenimento, não há dúvida. Acho que para experiências que envolvem conteúdos corporativos, estratégicos, de aprendizagem ou marketing, enfim, coisa mais “séria”, a novidade da plataforma imersiva cansa depois de 15 minutos. Fora que se corre o risco de replicar no ambiente virtual o que o presencial tinha de pior, como a angústia de procurar um estande entre os infindáveis corredores de uma feira, como disse outro dia o André Oliveira num webinar promovido pela Digital Event Expert.
Engajamento e nutrição de comunidade?
Aqui temos a grande maioria das plataformas disponíveis atualmente. Elas podem oferecer app mobile; podem ou não ter streaming nativo; interação peer to peer em vídeo; gamificação básica ou em duas camadas; e metodologias, dinâmicas e sistemas para networking, como o Brain Date, que pode ser integrado.
Além disso, elas podem ou não ter e-com para resgate de prêmios diretamente pela plataforma; criação de grupos por afinidade, interesse ou marca do patrocinador; blog para entregar uma curadoria de aquecimento ou criação de campo no pré-evento, ou de reflexão e consolidação do conhecimento no pós-evento; LMS para poder aplicar métodos andragógicos mais estruturados de aprendizado; meios de pagamento; login social (OAuth) e single sign-on; automação de marketing; entre infinitas features e várias integrações possíveis com outras plataformas e serviços, como chats, inscrição, interatividades em geral.
Mas e as lives, que são o grande momento?
As plataformas têm cada vez mais investido na interface da live, especificamente. Além do chat basicão, cada vez mais aparecem opções de Q&A, quiz, enquetes, pesquisas, nuvem de palavras, votações, integração com plateia virtual, download de materiais, perfil do speaker e vários widgets customizados que podem ser ativados pelo usuário.
Eu sempre penso em um projeto de evento como uma experiência muito mais ampla do que o “dia do evento”. Defendo a visão de “jornada”, como expliquei no outro artigo que mencionei no início do texto. Aplicado à plataforma, o conceito da jornada torna a live mais um link no menu, mais uma página, mais uma sessão dentro de um ecossistema de engajamento, relacionamento e nutrição de comunidade.
Claro que essa página é a mais importante do projeto, é o “grande momento” e, como tal, precisa ser tratada com o carinho devido. E as plataformas estão cada vez mais investindo nisso. Mas não é tudo! O projeto é bem maior que a live e, quanto mais o mercado amadurecer nessa direção, melhores serão as experiências que vamos conseguir proporcionar a todos os nossos públicos: cada touchpoint precisa ser bem dimensionado, estudado e executado, pois uma experiência ruim na captação eventualmente não conseguirá ser compensada por uma live espetacular. Mais uma vez, a escolha da plataforma pode ter papel chave.
O conceito da jornada torna a live mais um link no menu, mais uma página, mais uma sessão dentro de um ecossistema de engajamento, relacionamento e nutrição de comunidade.
Tecnologia x Experiência
No entanto, da mesma forma que uma produção mega sofisticada não é garantia de uma experiência encantadora, as funcionalidades da plataforma também não.
Plataformas são o suporte tecnológico para você viabilizar o design da sua experiência, pensando nos seus objetivos estratégicos e no perfil do seu público. Mas elas sozinhas não garantem o seu projeto ideal.
É essencial que você escolha a melhor plataforma para o seu projeto, pesquisando, conversando com os parceiros, equalizando as ofertas de mercado e calibrando essas diversas variáveis sobre as quais conversamos aqui (entre outras que emergirem como relevantes para você, claro), mas não gaste recursos demais na tecnologia a ponto de descuidar do conteúdo, pois uma coisa não compensa a outra.
A mágica da nossa área está justamente em perseguir esse equilíbrio, tão difícil e tão tênue, aprendendo a lidar com novas realidades em meio a um mercado cada vez mais fluido. Mas vamos aprendendo e evoluindo juntos, como bons lifelong learners que somos.